Bem Vindo a um pedacinho do céu!
Pinto Bandeira é uma cidade hospitaleira, berço do primeiro Santuario Mariano do Rio Grande do Sul. Conhecida por produzir inúmeras frutas como pêssego, kiwi, ameixa... e uva, com a qual se fabrica o melhor Vinho de Montanha. A tradição Italiana convive em harmonia com os descendentes de outras etnias que pra cá migraram em busca da tão sonhada "cucagna" a Terra aonde jorra o leite e o mel.
quinta-feira, 10 de março de 2011
ROMARIA DA TERRA Romaria da esperança. Os sonhos de Sepé ressuscitado.
A Romaria da Terra deste ano se reuniu em Candiota, no 8 de março, sob a inspiração do lema “Do clamor da terra a esperança da vida”.
Todos os anos, em plena terça-feira de carnaval, multidão de gente ligada às Igrejas, aos sindicatos rurais, às pastorais como a CPT, a movimentos populares como o MST, o MAB, o MMC (Movimento das mulheres camponesas) o das/os desempregadas/os, das/os índios (CIMI), das/os catadoras/es de material, e outros, colocam-se em marcha para rezar, reverenciar suas/seus mártires. Roseli Nunes e Sepé Tiaraju, entre tantas/os outras/os são lembradas/os com respeito, carinho e exemplo, nessas ocasiões.
Não é só o fato de Sepé ter sido assassinado num 7 de fevereiro (1756), num passado superior a três séculos, que reune todo esse povo, na maioria camponês/a, agricultor/a, pequena/o proprietária/o, colona/o e pobre. É a causa dessa morte e a semelhança dos seus efeitos se desdobrando até hoje, o motivo desse clamor da terra aparecer repetido em cada romaria.
As/os caminhantes não cansam de insistir naquelas canções, belas testemunhas da nossa arte popular, nas quais os sacrifícios de agora ainda geram vítimas de terra e gente. Uma parte do hino a São Sepé, por exemplo, diz assim:
“Tiaraju morreu peleando no arroio Caioboaté / mas depois noutro combate todos viram São Sepé / que vinha morrer de novo junto a gente Guarani / pra embeber seu sangue todo neste chão onde nasci. / Mais um valente guerreiro a morrer pelo seu pago/ é por isso que seu nome pro Rio Grande é sagrado / São Sepé subiu pro céu e sua cruz ficou no azul/ cai a noite ela rebrilha ele é o cruzeiro do sul”.
“Isso é história”, afirmam alguns com indiferença, “águas passadas”, “hoje é outra coisa, vive-se num Estado de direito e numa democracia”, “vivemos época de globalização da economia” “só é pobre, hoje, quem não quer trabalhar”, são observações freqüentes partidas de quem está satisfeito com a distância mantida da realidade miserável, sofrida pelas/os descendentes de Sepé e de outras vítimas do mau uso da terra e da exploração de sua gente.
Fica parecendo mentira, então, mas a mesma injustiça daquele tempo, o poder econômico-militar e colonizador estrangeiro, atualmente refletido em tansnacionais responsáveis por massacre de índios, desrespeito a quilombolas e sacrifício da terra, feito por desmatamentos, pesticidas, transgênicos, dá seguimento a mortes de terras e gentes como a do tempo daquele índio. Ela está retardando a tramitação do projeto de lei que pune o trabalho escravo, impedindo discutirem-se índices de produtividade das terras e dos limites indispensáveis à sua apropriação, inclusive por empresas estrangeiras ou brasileiras com maioria de capital estrangeiro. Atropela o debate sobre as modificações pretendidas sobre o nosso Código Florestal, usa de qualquer pretexto para instaurar CPIs que persigam movimentos populares, barra enfim qualquer política pública de reforma agrária.
Por macabra coincidência, portanto, Elton Brum da Silva, um sem-terra assassinado por um brigadiano em 21 de agosto de 2009, parece ter provado como aquele hino a São Sepé, cantado nessas romarias, continua atual. Morto na mesma terra onde foi trucidado Sepé (município de São Gabriel) - por força de uma ordem judicial, para vergonha nossa, atendendo defesa de latifúndio - Sepé parece ressuscitado na pessoa do Elton.
Por isso, aparece bem motivado o convite redigido para convocar as/os participantes desse evento: “Somos jardineiros de um belo jardim cujo dono é Deus, o criador da vida. No entanto, ao longo dos séculos, nós, seres humanos, nos esquecemos de ser jardineiros. Pretendemos ser os donos e, com nosso egoísmo e prepotência, usufruímos e destruímos o jardim belo e viçoso que Deus criou por amor. Onde nós impedimos a vida de brotar e florir, onde calamos a vida, agora estamos ouvindo os clamores de agonia da natureza. A natureza clama através de catástrofes e desequilíbrios que são sinais visíveis da perversidade do ser humano, que se esqueceu de ser o jardineiro do universo.Os clamores que surgem fazem eco e se reproduzem na 34ª Romaria da Terra que acontecerá dia 08 de março de 2011, no assentamento Roça Nova, município de Candiota, Diocese de Bagé.”
Quem sabe o PAC Regional, idealizado em novembro passado, neste mesmo lugar, como um instrumento de reforma agrária, assim reconhecido pelo Incra, possa dar mais um sinal de que existe, sim, possibilidade de uma nova economia, solidária, sustentável do ponto de vista social, econômico, ecológico, efetivamente participativo.
Se não é “só de pão que vive o homem”, como Jesus Cristo ensina no evangelho, as romarias da terra dão testemunho anual dessa outra verdade: os sonhos de Sepé por uma “terra sem males”, onde “mane o leite e corra o mel” pode substituir os maus tratos que a transformem em terra de fel, a ponto de negarem alimento e vida para a maioria do povo.
Dia 8 de março relembra, igualmente, o dia internacional da mulher. O leite dessa mãe e o mel da fêmea - terra, também ela mãe, não podem mais ser negados às/os suas/seus filhas/os, em nome de um mercado anti social e predatório que marcou o martírio coletivo de mulheres trabalhadoras, não importando aqui se essa mesma data foi escolhida pelo fato ter tido origem no massacre das trabalhadoras em 1857, ou em outro ano e por outra razão.
O certo é que, como ocorreu com Sepé, elas também lutavam por direitos tão evidentes que hoje são considerados simplesmente “humanos”. A fé inspiradora dessa caminhada-romaria de todos os anos desafia o lugar comum daquelas versões suspeitas do passado, capazes de desprezar, hoje, causas econômico-sociais de opressão de gente e de terra, ainda atuais, com a agravante de, agora, certas interpretações de lei cultural e ideologicamente servis de preconceitos, lhes darem cobertura.
Sepé, do mesmo modo que Jesus Cristo e outros/as mártires, elas/es estão ressuscitando nessas caminhadas, encarnados/as no corpo e na alma de homens e mulheres conscientes de sua ascendência e dignidade. Como no tempo delas/es, sabem que a terra, inspiradora do lema da romaria deste ano, é garantia e “esperança da vida”.
Todos os anos, em plena terça-feira de carnaval, multidão de gente ligada às Igrejas, aos sindicatos rurais, às pastorais como a CPT, a movimentos populares como o MST, o MAB, o MMC (Movimento das mulheres camponesas) o das/os desempregadas/os, das/os índios (CIMI), das/os catadoras/es de material, e outros, colocam-se em marcha para rezar, reverenciar suas/seus mártires. Roseli Nunes e Sepé Tiaraju, entre tantas/os outras/os são lembradas/os com respeito, carinho e exemplo, nessas ocasiões.
Não é só o fato de Sepé ter sido assassinado num 7 de fevereiro (1756), num passado superior a três séculos, que reune todo esse povo, na maioria camponês/a, agricultor/a, pequena/o proprietária/o, colona/o e pobre. É a causa dessa morte e a semelhança dos seus efeitos se desdobrando até hoje, o motivo desse clamor da terra aparecer repetido em cada romaria.
As/os caminhantes não cansam de insistir naquelas canções, belas testemunhas da nossa arte popular, nas quais os sacrifícios de agora ainda geram vítimas de terra e gente. Uma parte do hino a São Sepé, por exemplo, diz assim:
“Tiaraju morreu peleando no arroio Caioboaté / mas depois noutro combate todos viram São Sepé / que vinha morrer de novo junto a gente Guarani / pra embeber seu sangue todo neste chão onde nasci. / Mais um valente guerreiro a morrer pelo seu pago/ é por isso que seu nome pro Rio Grande é sagrado / São Sepé subiu pro céu e sua cruz ficou no azul/ cai a noite ela rebrilha ele é o cruzeiro do sul”.
“Isso é história”, afirmam alguns com indiferença, “águas passadas”, “hoje é outra coisa, vive-se num Estado de direito e numa democracia”, “vivemos época de globalização da economia” “só é pobre, hoje, quem não quer trabalhar”, são observações freqüentes partidas de quem está satisfeito com a distância mantida da realidade miserável, sofrida pelas/os descendentes de Sepé e de outras vítimas do mau uso da terra e da exploração de sua gente.
Fica parecendo mentira, então, mas a mesma injustiça daquele tempo, o poder econômico-militar e colonizador estrangeiro, atualmente refletido em tansnacionais responsáveis por massacre de índios, desrespeito a quilombolas e sacrifício da terra, feito por desmatamentos, pesticidas, transgênicos, dá seguimento a mortes de terras e gentes como a do tempo daquele índio. Ela está retardando a tramitação do projeto de lei que pune o trabalho escravo, impedindo discutirem-se índices de produtividade das terras e dos limites indispensáveis à sua apropriação, inclusive por empresas estrangeiras ou brasileiras com maioria de capital estrangeiro. Atropela o debate sobre as modificações pretendidas sobre o nosso Código Florestal, usa de qualquer pretexto para instaurar CPIs que persigam movimentos populares, barra enfim qualquer política pública de reforma agrária.
Por macabra coincidência, portanto, Elton Brum da Silva, um sem-terra assassinado por um brigadiano em 21 de agosto de 2009, parece ter provado como aquele hino a São Sepé, cantado nessas romarias, continua atual. Morto na mesma terra onde foi trucidado Sepé (município de São Gabriel) - por força de uma ordem judicial, para vergonha nossa, atendendo defesa de latifúndio - Sepé parece ressuscitado na pessoa do Elton.
Por isso, aparece bem motivado o convite redigido para convocar as/os participantes desse evento: “Somos jardineiros de um belo jardim cujo dono é Deus, o criador da vida. No entanto, ao longo dos séculos, nós, seres humanos, nos esquecemos de ser jardineiros. Pretendemos ser os donos e, com nosso egoísmo e prepotência, usufruímos e destruímos o jardim belo e viçoso que Deus criou por amor. Onde nós impedimos a vida de brotar e florir, onde calamos a vida, agora estamos ouvindo os clamores de agonia da natureza. A natureza clama através de catástrofes e desequilíbrios que são sinais visíveis da perversidade do ser humano, que se esqueceu de ser o jardineiro do universo.Os clamores que surgem fazem eco e se reproduzem na 34ª Romaria da Terra que acontecerá dia 08 de março de 2011, no assentamento Roça Nova, município de Candiota, Diocese de Bagé.”
Quem sabe o PAC Regional, idealizado em novembro passado, neste mesmo lugar, como um instrumento de reforma agrária, assim reconhecido pelo Incra, possa dar mais um sinal de que existe, sim, possibilidade de uma nova economia, solidária, sustentável do ponto de vista social, econômico, ecológico, efetivamente participativo.
Se não é “só de pão que vive o homem”, como Jesus Cristo ensina no evangelho, as romarias da terra dão testemunho anual dessa outra verdade: os sonhos de Sepé por uma “terra sem males”, onde “mane o leite e corra o mel” pode substituir os maus tratos que a transformem em terra de fel, a ponto de negarem alimento e vida para a maioria do povo.
Dia 8 de março relembra, igualmente, o dia internacional da mulher. O leite dessa mãe e o mel da fêmea - terra, também ela mãe, não podem mais ser negados às/os suas/seus filhas/os, em nome de um mercado anti social e predatório que marcou o martírio coletivo de mulheres trabalhadoras, não importando aqui se essa mesma data foi escolhida pelo fato ter tido origem no massacre das trabalhadoras em 1857, ou em outro ano e por outra razão.
O certo é que, como ocorreu com Sepé, elas também lutavam por direitos tão evidentes que hoje são considerados simplesmente “humanos”. A fé inspiradora dessa caminhada-romaria de todos os anos desafia o lugar comum daquelas versões suspeitas do passado, capazes de desprezar, hoje, causas econômico-sociais de opressão de gente e de terra, ainda atuais, com a agravante de, agora, certas interpretações de lei cultural e ideologicamente servis de preconceitos, lhes darem cobertura.
Sepé, do mesmo modo que Jesus Cristo e outros/as mártires, elas/es estão ressuscitando nessas caminhadas, encarnados/as no corpo e na alma de homens e mulheres conscientes de sua ascendência e dignidade. Como no tempo delas/es, sabem que a terra, inspiradora do lema da romaria deste ano, é garantia e “esperança da vida”.
quinta-feira, 3 de março de 2011
''Aos poucos vamos mudar essa ideia de quem é rico usa carro e quem é pobre usa bicicleta''. Entrevista especial com Olavo Ludwig Jr. e Paulo Alves
Na última sexta-feira, 25 de fevereiro, ciclistas foram atropelados em Porto Alegre ao participarem de uma manifestação a favor do uso de bicicletas no tráfego urbano. Ricardo Neis, que dirigia um Golf preto, atingiu os manifestantes que circulavam na rua José do Patrocínio. “Fiquei em estado de choque, vendo todas aquelas pessoas no chão, feridas. Fico desapontado, pois a vida ficou em último lugar”, declarou Paulo Alves, presidente da Associação Ciclística da Zona Sul (ACZS) e diretor da Federação Gaúcha de Ciclismo, à IHU On-Line, em entrevista concedida por e-mail. Quer ler esta entrevista na íntegra? Então acesse: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=41079
Na última sexta-feira, 25 de fevereiro, ciclistas foram atropelados em Porto Alegre ao participarem de uma manifestação a favor do uso de bicicletas no tráfego urbano. Ricardo Neis, que dirigia um Golf preto, atingiu os manifestantes que circulavam na rua José do Patrocínio. “Fiquei em estado de choque, vendo todas aquelas pessoas no chão, feridas. Fico desapontado, pois a vida ficou em último lugar”, declarou Paulo Alves, presidente da Associação Ciclística da Zona Sul (ACZS) e diretor da Federação Gaúcha de Ciclismo, à IHU On-Line, em entrevista concedida por e-mail. Quer ler esta entrevista na íntegra? Então acesse: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=41079
Os recursos para a saúde pública
Um governo que pretende reverter a brutalmente desigual distribuição de renda no Brasil, tem que ter na reforma tributária, socialmente progressiva, um instrumento insubstituível. A tributação é um meio fundamental para que a ação estatal se contraponha às tendências a concentração de renda do mercado.
Os recursos fundamentais do governo vêm da tributação que, no Brasil, tem um sistema extremamente injusto, que tributa mais aos que ganham menos e menos aos que ganham mais. Que privilegia os impostos indiretos em relação aos diretos.
A CPMF é um imposto direto, que cobra conforme o movimento de dinheiro, que não pode ser sonegado. Quando propôs a renovação da CPMF, na sua primeira versão, o governo não explicitava o destino dos recursos arrecadados, o que dificultou sua aprovação. Quando os campos de votação já estavam praticamente definidos, o governo apresentou a emenda segundo a qual a totalidade do arrecadado seria destinado para a saúde pública, mas já era tarde e a proposta foi derrotada.
Aquele que é talvez o tema mais agudo nas políticas sociais - extensão e a qualidade dos serviços de saúde publica – está desfinanciado, sem os recursos suficientes para garantir sua realização. É inevitável voltar ao tema, criar as condições favoráveis, mobilizando a massa da população – beneficiária direta de uma tributação esse tipo, que tem um profundo caráter redistributivo – para que o governo disponha dos recursos para dar o salto indispensável no atendimento da saúde da massa da população.
POSTADO POR: Emir Sader no Blog Carta Maior
Os recursos fundamentais do governo vêm da tributação que, no Brasil, tem um sistema extremamente injusto, que tributa mais aos que ganham menos e menos aos que ganham mais. Que privilegia os impostos indiretos em relação aos diretos.
A CPMF é um imposto direto, que cobra conforme o movimento de dinheiro, que não pode ser sonegado. Quando propôs a renovação da CPMF, na sua primeira versão, o governo não explicitava o destino dos recursos arrecadados, o que dificultou sua aprovação. Quando os campos de votação já estavam praticamente definidos, o governo apresentou a emenda segundo a qual a totalidade do arrecadado seria destinado para a saúde pública, mas já era tarde e a proposta foi derrotada.
Aquele que é talvez o tema mais agudo nas políticas sociais - extensão e a qualidade dos serviços de saúde publica – está desfinanciado, sem os recursos suficientes para garantir sua realização. É inevitável voltar ao tema, criar as condições favoráveis, mobilizando a massa da população – beneficiária direta de uma tributação esse tipo, que tem um profundo caráter redistributivo – para que o governo disponha dos recursos para dar o salto indispensável no atendimento da saúde da massa da população.
POSTADO POR: Emir Sader no Blog Carta Maior
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